10 fatores que influenciam no valor do frete
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*Por Raquel Serini

Existem diversos aspectos que impactam na precificação do frete, e que vão muito além da distância entre o remetente e o destinatário. Apesar de cada um ter uma forma de realizar o cálculo, eles se apoiam na “Tabela de frete”, que considera as variáveis de acordo com as características do serviço, e assim, chega-se a uma cobrança específica para cada cliente.

O desafio surge quando há vários clientes para atender, fazendo com que seja necessário controlar diversas tabelas e formas de cálculo distintas. O que torna praticamente impossível a conferência manual dos valores, por isso, o controle dos custos é tão importante.

Nesta edição, vamos falar de forma mais aprofundada sobre esse tema, explicando a importância do cálculo correto, as consequências de uma implantação inadequada e o impacto dos custos para o contratante e para o contratado.

O cálculo adequado do valor de frete é fundamental para que as melhores decisões de negócio sejam tomadas. Erros podem levar a vendas com margens abaixo do esperado, ou mesmo, à perda da venda por desistência do cliente. Nesse sentido, é preciso levantar quais são todas as variáveis que envolvem o preço, buscando chegar ao valor ideal e evitar prejuízos.

Por isso, confira os fatores que influenciam na formação do valor. Veja a seguir.

  1. Peso e dimensões

Normalmente, a variável do peso é definida a partir da comparação entre o peso bruto e o peso cubado (que é a multiplicação das dimensões da embalagem por um fator determinado), usando o maior entre eles para realizar o cálculo. Em termos gerais se a área ocupada for proporcionalmente maior do que o peso do produto, ela é que será considerada para o cálculo.

A ideia é fazer com que a cobrança seja mais justa, tendo em vista que, mesmo que os produtos sejam leves, se forem volumosos, ocupam mais espaço no veículo, impedindo que mais itens sejam incluídos na carga.

  1. Valor da Nota Fiscal

O valor da nota fiscal também é um dos fatores que mais influenciam no valor do frete cobrado pelas transportadoras. Em alguns casos, o preço final da entrega baseia-se apenas numa taxa percentual da nota fiscal, quanto maior for o valor do item, mais oneroso é o transporte. Percebe-se isso por meio da diferença de preço quando o produto carregado é tratado como carga valiosa. Além disso, existem várias taxas que são calculadas a partir do preço do produto, como por exemplo, taxas de gerenciamento de risco e seguros.

  1. CEP de destino

A distância entre o local da coleta e o da entrega também influencia no cálculo do frete. Quanto maior for a quilometragem, maior será o valor cobrado. Isso se dá, principalmente, pelo gasto que se tem com combustível e pneus para a realização do transporte. Algumas transportadoras definem esse custo como valor do frete por km rodado. Além disso, regiões de difícil acesso, como áreas de risco e regiões afastadas, que somente podem ser acessadas via barco ou avião, também tem um preço diferenciado.

  1. Categoria do produto

Quando os produtos a serem transportados possuem características especiais, que requerem uma tratativa diferente no manuseio e transporte, o valor cobrado costuma ser maior. É o caso de cargas frágeis, que precisam de um reforço maior na embalagem para o transporte, e itens perecíveis que necessitam de um transporte rápido ou um veículo próprio, como cargas vivas, flores e medicamentos, por exemplo. Estes recebem um tratamento diferenciado no momento da formação do preço final do frete.

  1. Características do destinatário

Algumas transportadoras também consideram a periculosidade e o grau de dificuldade na entrega para cobrar um valor maior. Áreas em que há o risco de extravio ou furto das mercadorias no ato da entrega, e que são de difícil acesso para o veículo chegar ao local são as que estão inclusas nessa categoria. Assim também, os locais como shoppings ou grandes centros de distribuição, que requerem um tempo de carregamento e descarregamento de carga maior.

  1. Prazos diferenciados

A necessidade de enviar os pedidos para os clientes com prazos diferenciados também afeta o valor do frete, tornando-o mais caro. A diferença é ainda maior quando é necessário fazer a troca de modal, por exemplo, quando se troca o rodoviário pelo aéreo, reduzindo o prazo consideravelmente.

  1. Pedágios e taxas específicas

Além de todas as variáveis já citadas, também há a incidência de taxas, pedágios e impostos, que acabam aumentando o valor do frete. Dentre eles, temos:

  • Pedágios – São cobrados de acordo com o percurso que será percorrido para a realização da entrega. Quando a carga é fracionada, algumas transportadoras costumam fazer o valor do rateio total entre os pedidos que estão sendo enviados. O que faz com que os custos sejam menores para os clientes. Normalmente a taxa é cobrada a cada fração de 100kg.
  • Taxa de Gerenciamento de Risco (GRIS) – É cobrada com o objetivo de cobrir os custos relacionados à prevenção de riscos e no combate ao roubo e furto das cargas. Incide com base em um percentual sobre o valor da nota fiscal.
  • Taxa de Coleta e Entrega – Pode existir dependendo da distância entre a localização da transportadora e da empresa contratante. Serve para cobrir os custos de deslocamento para a retirada na origem e envio para o cliente.
  • Estadia – É a compensação do valor do tempo de espera para carga e descarga, já previsto pela Lei da estadia, de acordo com a publicação nº 13.103/2015, que regulamenta não só a atividade de transporte, mas também a jornada de trabalho do motorista, e estabelece que após a quinta hora de atraso deve ser cobrado R$ 2,12 por tonelada/hora.
  • Frete Valor (Ad Valorem) – Sua cobrança é para assegurar as cargas transportadas quando elas não estiverem em trânsito. Também é estabelecida com base em um percentual sobre o valor da carga.
  • Taxa de Restrição ao Trânsito (TRT) – Existem alguns locais que possuem restrições com relação à circulação de veículos pesados, horários de circulação ou mesmo atividades de carga e descarga, como por exemplo, a cidade de São Paulo. Nesses casos, algumas transportadoras cobram valores adicionais para realizar o transporte.

Para facilitar a consulta sobre as restrições na Grande São Paulo, o IPTC disponibiliza gratuitamente um Guia atualizado sobre o assunto

  1. Os custos pós-envio

Existem algumas situações adversas durante uma entrega, que podem fazer com que o valor do frete seja maior do que o planejado inicialmente. Dentre elas, temos:

  • Dificuldade na entrega para o cliente – devido à restrição de horário ou quando o motorista precisa aguardar mais do que o tempo necessário para realizar a descarga, (essa é uma cobrança chamada de ‘diária’);
  • Devoluções – ocorrem quando é trocado o envio de um pedido, por exemplo; e
  • Reentrega – quando existe a necessidade de reenviar a carga. Pode ser necessário em decorrência de um extravio, ou por causa, da não entrega na primeira tentativa;
  1. Imposto

O ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) também é incluso no valor do frete, visto que incide sobre todas as operações que envolvem transporte intermunicipal e interestadual. Para envios intramunicipais, é cobrado o ISS (Imposto Sobre Serviços).

  1. Tarifa Mínima

Algumas transportadoras determinam um peso mínimo para cobrança de frete, que normalmente é de 50 kg. Nessas situações, mesmo que o peso maior entre o bruto e cubado seja pequeno, a tarifa irá incidir sobre mínimo que foi estipulado para entrega no contrato.

De olho no valor do frete

A complexidade da formação do preço de entrega é gerenciada por meio do cruzamento de todos os dados na chamada “Tabela de frete”. Sendo assim, ao consolidar todas as informações referentes ao pedido, utiliza-se as informações disponíveis para fazer o cálculo baseando-se no que foi estabelecido por contrato com a transportadora.

Além disso, quando esse custo é muito elevado e a precificação para o consumidor final não é adequada, a lucratividade é prejudicada. Portanto, além de ser necessário fazer a identificação para fins de controle financeiro, ela é necessária para que a formação de preço seja ideal, garantindo a saúde financeira da transportadora.

*Raquel Serini é economista do IPTC.

 


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