No primeiro semestre deste ano, o combustível já foi reajustado três vezes
Os números falam por si, e as notícias sobre os últimos reajustes no preço do diesel complicam o planejamento das empresas de transporte. Só no primeiro semestre do ano, a Petrobras já fez três anúncios de aumento do preço do combustível nas refinarias, que acumulados chegam à marca de 47%.
Uma semana após o último anúncio do aumento, que ocorreu em 5 de maio, e foi de 8,9%, o combustível refletiu, na bomba, uma alta de 4% no preço do diesel comum, e de 3,32% no diesel S10, representando um custo adicional de R$ 0,26 e R$ 0,22 por litro, respectivamente, nos postos de abastecimento.
A economista do IPTC (Instituto Paulista do Transporte de Carga), Raquel Serini, explicou que quando ocorrem os reajustes feitos pela estatal nas refinarias, o efeito na bomba nem sempre acontece de imediato ou de forma integral, e por isso, as perspectivas para os próximos dias, ainda seriam de encarecimento, refletindo a última alta.
Em 20 de maio, o preço médio da revenda do combustível no estado de São Paulo era de R$ 6,72, segundo informações do Painel do Diesel, que apontava a quinta alta consecutiva nos preços, desde dezembro de 2021.
O Painel do Diesel é uma plataforma construída pelo IPTC em parceria com o SETCESP, para auxiliar o transportador a acompanhar o preço do combustível em 106 municípios do estado de São Paulo e algumas capitais do Brasil. É exclusiva e gratuita para a consulta dos associados, está disponível no site da entidade e indica o mapeamento do preço médio do diesel na bomba.
Para o analista de dados do IPTC, Bruno Carvalho, pela plataforma o transportador consegue ter uma noção de onde o diesel está mais barato, para então organizar o abastecimento considerando a rota que percorrerá.
“Tanto é interessante para os transportadores que fazem o transporte interestadual, que podem ver a diferença de preços entre as capitais do país, assim como, para aqueles que fazem as rotas dentro do estado de São Paulo, e que podem verificar a diferença de preços entre os municípios”, diz Carvalho.
Uma consulta feita no Painel do Diesel revelou, por exemplo, que no município de Adamantina há o preço mais caro para abastecimento com o diesel comum, enquanto o mais barato fica no município de Jacareí. Em se tratando do diesel S10, o local mais caro fica no município de Itanhaém e o mais barato em São José dos Campos.
Olhando para o panorama nacional, a média de preço do diesel está atualmente em R$ 6,86. No Acre foi verificado o maior valor de revenda, especificamente no município de Cruzeiro do Sul, com um preço médio cobrado na bomba de R$ 8,29, enquanto isso, no Espírito Santo foi o estado onde foi encontrado o registro de menor valor R$ 6,34 o litro, no município de Serra.
No recorte por regiões, Norte e Nordeste foram as que tiveram a maior média de preços de revenda, R$ 7,17 e R$ 7,11 nessa ordem. A região Sul foi a que teve a menor média, no valor de R$6,69.
Na tentativa de avaliar todos os motivos que expliquem a escalada no preço do diesel, a economista destaca os efeitos de contingência da pandemia de Covid-19 e a guerra entre Rússia e Ucrânia, e chama atenção para a falta de diversificação da matriz energética, que faz aumentar a dependência do petróleo.
“Estamos muito atrelados à cotação internacional do barril. Temos escassez de matéria prima, por conta da guerra, e isso faz com que fiquemos sem petróleo disponível, assim, ele vai ficando cada vez mais caro. É a lei da oferta e demanda”, esclarece Serini.
Ela considera que uma possível solução para este cenário, seria que os governos pensassem em políticas de incentivo à renovação da frota, inclusive, com combustíveis alternativos ao diesel, como gás biometano e os veículos elétricos, para assim, diminuir a dependência por esse insumo.
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