*Por Raquel Serini
Como sabemos, o segmento de transportes envolve diversos bens e serviços inerentes à sua atividade principal, que podemos chamar de insumos. A gestão e controle dos gastos com esses itens é extremamente importante, porque possibilita um melhor aproveitamento dos recursos, além de impactar diretamente nos resultados dos negócios.
Por isso vamos analisar a variação de preços dos insumos determinantes para atividade de transporte rodoviário de cargas, bem como realizar comparações do período acumulado de 12 meses para carga fracionada e lotação. Veja:
VEÍCULO E IMPLEMENTO
Considerados como custos fixos, o conjunto ‘veículo + carroceria’, gera despesas que não variam de acordo com a sua produção, ou seja, existe mesmo com o veículo parado. No entanto são indispensáveis para a transferência de mercadorias, chegando a representar 15% dos custos mensais.
Apurado o período de 12 meses, entre abril/2020 e março/2021, a variação de preços dos insumos na operação de carga fracionada foram: veículo 19,77% (MB ATRON 2324) e carroceria baú duralumínio 10,57%. Já para carga lotação foram: o cavalo mecânico (SCANIA G400) teve variação de 13,88%, semirreboque 10,10%.
Os preços de ambos os itens apresentaram oscilações lineares, com exceção do preço do veículo utilizado na operação de carga fracionada, que entre os meses de out/20 e nov/20 despontou, chegando a valer R$337.500,00. Após esse período, os preços voltaram a cair, mas no início do primeiro trimestre de 2021 já apresentaram nova retomada de crescimento, e devem permanecer assim nos próximos meses.
PNEU E COMBUSTÍVEL
Estes são custos variáveis da frota, e só existirão se a operação estiver em funcionamento. Os veículos com menos de 5 anos de utilização, e média de rodagem de 10.000 km/mês, gastam em média 8% com pneus e 35% com combustíveis. Somados, estas despesas representam quase a metade dos custos de transporte.
Na operação de carga fracionada o pneu – 275/80 R 22,5 apresentou variação acumulada em 12 meses de 17,94%; e de 20,25% para os pneus – 295/80 R22 utilizados nas operações de carga lotação.
Logo no início deste ano, comparando jan/21 contra fev/2021, o segmento pneumático apresentou uma alta de 10,37% na carga fracionada. O desempenho na comparação com jan/20 contra fev/20, no entanto, foi menor com alta de apenas 1,18%.
No caso do diesel S-10, em particular, registrou-se aumento de 2,05% no mês de março/21, quando comparado com o mês anterior, sendo comercializado a R$4,337 p/litro. No período de 12 meses, a variação acumulada é de 20,81%, resultado ditado principalmente pela nova regra política da Petrobrás, a partir de setembro de 2015.
Incluindo ainda, os constantes reajustes nas refinarias ao longo do período. Só de jan/21 a mar/21 a Petrobras apresentou cinco reajustes na gasolina, que encareceu 41,3% aos distribuidores. Por sua vez, o preço médio de venda de diesel nas refinarias passou a ser de R$2,71 por litro, representando aumento médio de R$0,13 por litro. O óleo diesel já foi reajustado quatro vezes em 2021, e acumula alta de 34,1%.
No início de maio/21, a estatal informou a redução do preço médio do litro do diesel e da gasolina nas refinarias, marcando o primeiro reajuste, desde a posse (em 19 de abril) do novo presidente da empresa, o general Joaquim Silva e Luna. No entanto, vamos observar em que momento esse repasse chegará ao consumidor e até quando essa redução permanecerá.
SEGURO E MANUTENÇÃO
Ambos têm seu papel importante dentro dos custos uma vez que envolvem, de certa forma, os gastos com o risco da operação. O seguro do casco do veículo de transporte de carga fracionada vem apresentando variação de alta ao longo dos meses, acumulando um aumento de 18,90%. Apresentando seu maior crescimento em out/2020, onde atingiu a casa dos 10,10%.
Os gastos com manutenção da frota, principalmente a preventiva, são essenciais para o dia a dia das operações. A partir do final do ano passado, tal item apresentou uma tendência de alta que se manteve até os dias atuais. Tanto para carga fracionada, quanto para carga lotação, os percentuais de variação de preços são similares, acumulando em 12 meses, 6,48% e 6,22% respectivamente.
Definitivamente, é necessário estar a par de todo o movimento do mercado em que se está inserido, principalmente quando falamos dos custos. Isso foi apenas uma amostra dos itens mais relevantes de ‘consumo’ dos transportadores.
Sem contar que a formação do preço de frete é bastante complexa e deve levar em consideração, além dos fatores de mercado, justamente os gastos operacionais diretamente ligados aos insumos. E assim, tornar possível determinar uma tarifa que seja suficiente para compensar todos os gastos do transportador em seu trabalho e garantir sua rentabilidade. Tudo isso cumpre um papel importante diante da saúde financeira dos negócios. Fiquem atentos!
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*Raquel Serini é economista do IPTC.
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