As práticas de Responsabilidade Ambiental, Social e de Governança Corporativa vieram para ficar e devem ditar o ritmo de crescimento dos negócios no Brasil e no mundo
O cuidado com a reputação da marca nunca esteve tão em alta no mundo corporativo. Nos negócios, ser reconhecido pela sustentabilidade se tornou modelo de excelência. O alvo das companhias, cada vez mais, é aderir aos conceitos contemporâneos de governança e sustentabilidade, incorporando o padrão ‘ESG’.
A sigla, que no português significa Ambiental, Social e Governança, praticamente se tornou em um selo que atesta a responsabilidade das empresas. A prova disso, é que quem vem impulsionando o ESG nas organizações, são justamente os investidores. E todo esse crescimento tem explicação.
Segundo informações da agência Bloomberg, fundos que adotam estratégias relacionadas ao ESG aumentaram seus ativos em 32% no ano passado. O valor chegou ao recorde de US$ 1,8 trilhão (R$ 8,8 trilhões) e a tendência é crescer ainda mais.
Outro relatório, desta vez da consultoria PwC (PricewaterhouseCoopers) aponta que, até 2025, 57% dos ativos europeus estarão alocados em fundos que têm os três princípios como critério. Além disso, 77% dos investidores do continente pretendem parar de comprar produtos “não ESG” nos próximos dois anos.
No Brasil, conforme informações da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), em 2020 havia cerca de R$ 700 milhões em fundos ESG, quase três vezes mais que no ano anterior.
Ou seja, para os investidores, os produtos e serviços compatíveis com os três critérios de sustentabilidade estão sendo considerados como uma oportunidade para melhorar os retornos financeiros, já que os fundos de ações sustentáveis estão superando os fundos tradicionais.
Especialistas apontam ainda, que de fato os consumidores e clientes estão mais atentos e mais críticos quanto aos compromissos sociais fundamentais, e que a tendência é de que, as empresas devam incorporá-los no seu DNA, mesmo porque o capitalismo consciente ganha espaço.
Mas afinal, o que define se uma empresa incorpora ou não os princípios do ESG?
Oficialmente não há nenhuma entidade que ateste isso, mas existem formas de verificar. Há sites de rating (classificação de crédito), que atribuem pontuações com base em relatórios de sustentabilidade. Outra forma também são os índices de Bolsa, que reúnem companhias com compromissos ambientais, sociais e de governança com o objetivo de medir suas performances.
E como uma empresa demonstra estar comprometida com o ESG?
Para isso é necessário aderir às boas práticas de sustentabilidade e apresentá-las às certificadoras do mercado, para validar as informações a respeito de direitos humanos, compliance, preservação ambiental, programas anticorrupção e emissão de gases de efeito estufa.
O que hoje é um compromisso espontâneo, amanhã pode ser obrigação
Em um anúncio, no início de julho, a União Europeia informou que planeja arrecadar €10 bilhões com o chamado imposto de fronteira de carbono; uma taxação para a importação de certos bens emissores de combustíveis fósseis. A intenção é proteger a indústria europeia de concorrentes estrangeiros que não estão sujeitos às rígidas metas climáticas do bloco.
Para Marcus Nakagawa que é docente na ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), também coordenador do CEDS – Centro ESPM de Desenvolvimento Socioambiental e esteve presente na reunião da diretoria de Sustentabilidade do SETCESP, iniciativas de regulamentação como essa podem incorrer futuramente também no Brasil.
“Daqui a pouco, o cuidado com o meio ambiente vai virar Lei. Se preparem. Prestem atenção como a União Europeia está levando em conta a questão dos combustíveis fósseis. Algumas grandes montadoras por lá, já se comprometeram, até 2050, a parar de usar este tipo de combustível”, disse aos participantes da reunião.
Durante sua fala, o professor, que também será um dos jurados do 7º Prêmio de Sustentabilidade, comentou a importância de se colocar em prática as ações do ESG antes de regulamentações mais rígidas, alertando que pouco a pouco será mais comum sobretaxar produtos que causem impacto ambiental.
“Às vezes a gente só fica reclamando dos problemas, ao invés de nos anteciparmos a eles. Precisamos trazer a mudança para a nossa realidade. Então quem não olhar para o futuro e ver a sustentabilidade como uma estratégia de negócio, realmente vai ficar para traz”, afirmou Nakagawa.
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