Como está o desempenho na carga e descarga?
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 Por Raquel Serini*

Quando falamos em logística, o processo de carga e descarga é tão importante quanto o trajeto. Mal gerido, ele pode custar caro para sua empresa, afinal, tempo é dinheiro, ou seja, trata-se de uma ação que requer muita atenção e planejamento.

Claro que, ser eficiente neste quesito está diretamente relacionado à produtividade, por isso, sabemos que ter caminhões parados por horas pode gerar grandes problemas, causando um efeito cascata nas entregas. Só que são diversos os fatores e agentes envolvidos nesta operação que interferem no resultado final, como por exemplo: atraso por parte do recebedor, tempo de percurso, velocidade, áreas de restrição a circulação de caminhões, disponibilidade de mão de obra, entre outros.

Além disso, avarias, arranhões, batidas e a falta de cuidado dos profissionais, junto com a escassez de infraestrutura podem causar danos a mercadoria, elevando os custos no ressarcimento junto ao cliente. Fora o uso errado de máquinas e operadores de empilhadeiras sem um treinamento prévio de como utilizá-las.

Tempo médio de carga e descarga

De qualquer forma, um dos pontos de maior impacto são os tempos excedentes nas operações. Segundo dados levantados em recente pesquisa realizada pelo IPTC (Instituto Paulista do Transporte de Carga), o tempo médio de descarga foi de 3h12 em 2021, contra 2h20 em 2020.

Um aumento de 52 minutos no tempo de descarga, que parece inexpressivo, mas eleva os custos das operações onerando em 42% o bolso do transportador no quesito imobilização do veículo. Em números absolutos o custo da hora para de um VUC (Veículo Urbano de Carga) passa de R$101,22 para R$ 143,55 por hora.

E reforçando esta temática, lembramos que a compensação do valor do tempo de espera já está prevista pela lei nº11.442/2007  e a nº 13.103/2015 que atualiza o texto, as publicações regulamentam não só a atividade de transporte, mas também a jornada de trabalho do motorista. Estabelecem que após a quinta hora de atraso, deve ser cobrado R$ 1,86 por tonelada/hora. O cálculo deve ser feito com base na capacidade total do veículo e não sobre a carga transportada. Por exemplo: se o caminhão pode levar 20 ton, mas só está transportando 5 ton, o valor é calculado sobre o total. No caso, R$ 1,86 multiplicado por 20 toneladas, e pela quantidade de horas excedentes.

Dando continuidade a avaliação do tempo de espera, podemos observar também esse desempenho por setores de atividades. Neste caso, os home centers lideram com o menor tempo de carga e descarga, em relação aos demais tipos de estabelecimento, demorando em média 2h17 por entrega. Seu grande desafio é possuir um espaço amplo, com grandes expositores e que suporte cargas médias e pesadas, além disso este segmento necessita estocar algumas mercadorias, que precisam estar disponíveis para pronta entrega.

Já os supermercados apresentaram o segundo melhor tempo, com 3h06 para o recebimento de carga, mas longe de ser o ideal. A diversidade de itens dificulta o processo de conferência e separação no momento do recebimento, exigindo desses locais mais mão de obra disponível para agilizar o trabalho. Além disso o prazo de validade dos produtos faz com que o estoque seja praticamente zero, com frequente reposição e reduzindo o desperdício.

Historicamente, os centros de distribuição são os locais com maior dificuldade e tempo elevado para carga e descarga. Mesmo, muitas vezes operando 24 horas por dia, os CD’s não conseguem dar vazão as mercadorias, não obedecendo o horário agendado para entrega, refletindo na produtividade da transportadora.

Boas práticas nos recebedores de carga

Por isso, algumas práticas adotadas pelos recebedores de carga, podem contribuir para o bom andamento das operações de entrega. Mais do que oferecer uma infraestrutura adequada, é necessário ter procedimentos capazes de facilitar esse processo no dia a dia, planejando o embarque e desembarque de mercadorias. Veja algumas delas:

Analisando de perto o impacto dessas medidas, podemos concluir que: “não exigir a exclusividade do veículo de carga” no ato da entrega, pode ampliar a quantidade de entregas realizadas em um único dia pela empresa em diversos recebedores, aumentando proporcionalmente o índice de aproveitamento do veículo.

Outro ponto importante a ser considerado, é o recebedor aceitar a tripulação da transportadora (ajudante) para efetuar o processo de descarregamento e/ou carregamento, evitando a cobrança adicional pelo serviço. Uma vez que virou uma prática de mercado, principalmente nos CD’s, ter uma empresa terceirizada no local fazendo este trabalho e cobrando altos preços por isso, sem contar que muitas vezes, a empresa não fornece nota fiscal pelo serviço realizado, dificultando que a transportadora possa solicitar o repasse junto ao cliente, justificando os gastos.

Mais um processo adotado, que facilita o dia a dia das transportadoras, é a possibilidade do agendamento das entregas de forma remota (sistêmica) junto ao recebedor. Diversas vezes é dada a responsabilidade do agendamento ao fornecedor, que acaba por reservar uma data e horário sem saber da programação de entregas, ou seja, a transportadora tem que se adaptar a janela de recebimento pré-estabelecida sem conseguir se organizar com antecedência, adaptando melhor rota e tipo de veículo.

Todas essas medidas trazem consequências para a performance da carga e descarga de mercadorias. Tempo tornou-se uma questão vital no mundo corporativo, por isso seja comprometido com os indicadores que medem a eficiência dos processos internos. Isso pode ajudar muito no saldo final!

*Raquel Serini é economista do IPTC.


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