Por Raquel Serini
Para entender o tamanho do nosso mercado, em números, é importante saber onde estamos inseridos. Hoje, o modal rodoviário representa 65% da matriz de transporte, ou seja, nós movimentamos massivamente as mercadorias produzidas no país, além de ser o elo principal com outros modais.
Mas em termos de prestação de serviço, é o valor referencial cobrado pelo frete que serve de termômetro. Analisando o período de 12 meses, considerando fevereiro/23 a janeiro/24, o valor médio em R$/Km é de R$ 7,22.
Iniciamos o ano de 2024 com um aumento de 2% quando comparado a dezembro de 2023, período em que a média estava em R$ 6,22. Assim tivemos o primeiro aumento no valor médio desde abril do ano passado.
E pelo comportamento da curva, há uma expectativa de alta nos próximos meses, puxada especialmente pelo acréscimo no preço do litro do diesel ofertado nas bombas de abastecimento, após o início da vigência das novas alíquotas do ICMS.
E no resto do mundo, qual é o comportamento comparado ao Brasil?
Verificamos a predominância do modal rodoviário no Japão, Estados Unidos, Europa e China, mas não na mesma proporção e dependência do Brasil. Na Austrália e Canadá, predomina o modal ferroviário e dutoviário. Inclusive, a rede de carga pelos trilhos na Austrália ocupa o 9° lugar no mundo, movimentou mais de 453 bilhões de toneladas só em 2021.
Agora em termos de ticket médio por Km ou milhas, convertidos em reais já descontado a inflação, observamos uma diferença impactante entre o Brasil e a China, por exemplo. — Como vamos competir com um ticket médio de R$ 1,03 frente aos fretes do Brasil que estão na ordem de R$ 7,22 ou seja, 86% mais caro?
Quando comparado a Europa e aos EUA temos uma diferença média de 13% a menos nos preços, representando um pouco mais de R$ 0,90 em números absolutos. Tudo isso mostra a volatilidade do nosso mercado interno e como são custosas as nossas operações.
Mas afinal, se os desafios são muitos, as oportunidades se apresentam também e precisamos usá-la a nosso favor. Com isso, o motivo de discutirmos as tendências desse mercado tão oportuno e as ações que devemos tomar em paralelo aos preços.
O nosso setor apresenta altos níveis de burocracia, é verdade. Além disso, temos ausência de mão de obra qualificada, principalmente a escassez de motoristas, e questões atreladas ao roubo de carga e aos riscos que envolvem a nossa atividade, ainda mais quando se fala das condições da malha viária no nosso país.
Entretanto, também enxergamos a oportunidade de automatizar os processos, usar a tecnologia e dados para a tomada de decisão, a liberdade e autonomia na contratação dos nossos seguros, que nos foi concedida recentemente, acompanhar os avanços da IA e o que ela pode trazer de melhorias. Enfim, tudo isso nos possibilita enxergar esses novos caminhos. Veremos quais são eles!
1) Valorização da Cadeia de Suprimentos
2) Inteligência Artificial
3) Drones e Veículos Autônomos
4) Tecnologia de Rastreamento de Carga
5) Entregas Rápidas
6) Compartilhamento da Carga
7) Digitalização da Documentação
8) Sustentabilidade e Transporte Verde
9) Ferramenta de Gestão
10) Experiência do Cliente
Antes de mais nada o conceito de Cadeia de Suprimentos ou “Supply Chain” nunca esteve tão em alta, porque hoje todas as operações estão interligadas, e isso interfere diretamente na performance, no ganho de produtividade, nos processos e prazos de toda a cadeia. Isso precisa estar bem claro!
Aliado a tudo isso, precisamos usar a IA ao nosso favor a fim de contribuir com a organização e o planejamento e com isso, controlar melhor o armazém, a posição dos pallets, acompanhar as entregas em tempo real, reduzindo as falhas de modo geral.
Contudo, em paralelo à gestão global do negócio, é importante considerar as questões voltadas ao transporte verde e pautas ESG. Mais do que nunca, os parceiros e clientes tem buscado no mercado empresas comprometidas com essas práticas. Implica em menos emissão de poluentes, eletrificação da frota, logística sem papel, ou seja, energia limpa e inteligente. Então vale pensar o quanto sua empresa tem se voltado para esse assunto.
E por fim qual o objetivo principal disso tudo? Proporcionar satisfação ao cliente, prestar um serviço de qualidade para que ele seja promotor da nossa marca, trazendo cada vez mais rentabilidade.
Até porque cada cliente tem suas particularidades, necessidades e precisamos ouvir para servir, não é mesmo? Por isso, é muito importante se manter atualizado e com esse canal de comunicação sempre aberto.
Raquel Serini é coordenadora de projetos do IPTC.
voltar