Diferentes gerações dentro de uma mesma organização
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Com o aumento da expectativa de vida e as dificuldades para o acesso à aposentadoria, os profissionais estão trabalhando por mais tempo. Por sua vez, os programas de incentivo do governo abrem portas do mercado de trabalho aos mais jovens.

Esses dois fatores combinados, compõem um cenário possível de uma convivência de praticamente quatro gerações no mesmo ambiente profissional. O que para os especialistas é positivo, porque há um ganho de diversidade na pluralidade de perfis.

Só que não dá para ignorar que cada geração possui formas diferentes de se pensar o trabalho. E não deixa de ser um desafio para o RH e lideranças das empresas, saber lidar com as divergências identificadas entre as faixas etárias.

“É muito saudável que a empresa tenha diversidade de gerações, no entanto elas têm de estar preparadas para que não haja um desentendimento, ao ponto de ver as estruturas emocionais decaindo”, alerta a consultora organizacional, Sonia Maluf.

Maluf explica que a geração X, que tem acima de 50 anos, possui um perfil menos agressivo. Enquanto a geração Y, entre 23 e 40 anos de idade, arrisca mais e são mais críticos também. Já a geração Z, que nasceu a partir de 2001, chegou ao mercado profissional totalmente conectada”.

Para ela, ao mixar os talentos de cada geração, as organizações devem levar em consideração as características essenciais de cada perfil profissional, respeitando as diferenças e motivando os colaboradores na busca por resultados.

“A nova geração chega ao mercado de trabalho com todas as facilidades que a tecnologia proporciona. Virtualmente, eles possuem soluções sensacionais, mas muitas vezes encontram dificuldades em se comunicar e por isso, são pouco compreendidos. Eles não costumam ser muito insistentes. Ao se cansarem, simplesmente, vão em busca de outras oportunidades”, relata.

A consultora informa que atualmente, quatro entre dez profissionais são da geração Y, sabem muito bem se posicionar. Então, se o líder for de uma geração anterior, ele precisa estar muito bem preparado — “porquê os Ys são muito objetivos e não escondem a insatisfação quando se sentem injustiçados. Porém, este imediatismo deles gera certa desconfiança, em um líder X, por exemplo”, observa.

Embora haja diferenças em X e Y, também há maior adaptabilidade entre eles. Agora, quando se trata da geração Z com um gestor X, fica a dica de que, este líder precisará se esforçar para compreender o jovem. “É muito comum na hora do almoço o Z se isolar, ficar apenas no celular, sem muita interação. Então, é preciso alguém para fazer a integração dessa mão de obra”.

E caberá ao RH e ao gestor promoverem tal integração e também acompanhar estes jovens aprendizes, estagiários e trainees. “O gestor ainda terá um desafio a mais, que é o de sempre mantê-lo motivado. Eles ainda são inexperientes, mas a nível de informação, eles estão bem mais à frente, vale a pena investir”, garante Maluf.

A consultora alerta que por meio de palestras, cursos, mentorias e coaching o RH e os líderes podem se capacitar para entender as diferentes gerações e atuarem também como mediadores.

Outra sugestão para o RH, é fazer uma pesquisa de clima que aponte as maiores divergências. Depois com os resultados, reorganizar a cultura organizacional da empresa de forma que esteja aberta para aquilo que é novo.  “Quebrar resistências é um trabalho de conscientização”, diz.

Maluf faz o alerta para quem não tem por intenção iniciar esse projeto, já imaginando evitar o confronto: “conflitos são positivos para nos chamar atenção para certas coisas que, até então, não seriam trazidas à tona. A geração Z representa um ganho de inovação. Eles buscam soluções modernas muito positivas”.

Mas se quiser abrir-se para o novo será necessário deixar os velhos hábitos de lado.  “Empresas que são muito fechadas, e seguem a premissa de que ‘tem de ser assim, sempre foi assim e vai morrer assim’ — a famosa ‘Síndrome de Gabriela’; poderão ver, em pouco tempo, seus resultados impactados pela falta de inovação”, avisa a especialista.

As diferentes gerações e suas características

Baby Boomers – Nascidas entre 1945 e 1960, ganharam esse nome em referência ao grande crescimento populacional da época. São profissionais assíduos e apreciam estabilidade.

Geração X – Nascidos entre 1961 e 1980. São, em geral, comprometidos em suas ações. Estão no auge da carreira, esperam por mais reconhecimento.

Geração Y – Nascidos entre 1981 e 2000. Também são chamados de Millennials. Foram marcados pela evolução tecnológica, são informais e globalizados. Uma hierarquia rígida não lhes parece interessante.

Geração Z – Nascidos a partir de 2001. Tem conectividade espontânea com o mundo virtual, usam tecnologia não apenas para trabalhar, mas para viver. Entretanto encaram o desafio de se relacionar socialmente.


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