A valorização dos profissionais que têm empatia e habilidades mais diversas
Foi com Tim Brown, CEO de uma empresa de design think, na década de 90, na Califórnia, que o conceito de profissional T-shaped se popularizou. O nome T-shaped vem do inglês e significa ‘em formato de T’. A letra T dentro dessa expressão indica duas linhas que se conectam.
Nesta configuração, na horizontal, estão incluídos os conhecimentos lineares, distribuídos por várias áreas, mas sem profundidade. Já na linha vertical, seria possível encontrar a profundidade de um técnico — uma área que o profissional escolheu para se especializar.
O profissional T-shaped é, portanto, a junção das duas barras. Isso significa que ele teve por intenção não limitar a sua carreira a um único conjunto de competências. Em vez disso, decidiu investir seu tempo em outros cursos, certificações e qualificações que o tornaram mais plural.
Em entrevista ao site Chief Executive, Brown explicou que a maioria das empresas têm muitas pessoas com habilidades diferentes. Só que a dificuldade é que, quando se reúnem para trabalhar em um mesmo problema, muitas só conseguem atuar individualmente, então o que tende a acontecer é que cada um apresente apenas seu próprio ponto de vista.
“Basicamente, torna-se uma negociação à mesa sobre qual uma perspectiva vence, e aí você obtém soluções parciais, onde o melhor que você pode alcançar é o menor denominador comum entre todos os aspectos. Logo, os resultados nunca são espetaculares, mas, na melhor das hipóteses, médios”, diz ele.
O executivo chefe acredita que pessoas de perfil T são acima de tudo colaborativas e empáticas. São boas em ouvir as ideias dos outros e construir soluções a partir destas sugestões. Ele exemplificou, “portanto, se eu lançar uma ideia no brainstorming, o T-shaped não a descartará imediatamente, em preferência a dele; e sim olhará para a minha e dirá: se eu desenvolver isso aqui, melhoraremos nisso. Isso requer escuta ativa. Essa é uma forma de empatia”.
Assim, ao aliar conhecimentos generalistas com investigações mais profundas, este profissional traz consigo um conjunto único de competências e habilidades que lhe concede uma visão mais eficiente do processo corporativo, desenvolvendo para isso competências comportamentais, as chamadas soft skills.
As soft skills são habilidades ligadas à inteligência emocional. Para detalhar melhor, elas incluem:
– a capacidade de liderar: demonstrando que se está disposto a abraçar responsabilidades e criar relacionamentos;
– a empatia: com a busca em melhorar os relacionamentos interpessoais e a colaboração;
– o pensamento analítico: um senso crítico que combina uma visão generalista do todo;
– a capacidade de comunicação: tanto com pessoas do seu time quanto com profissionais de diferentes áreas de atuação; e
– a flexibilidade: facilidade para se adaptar e inovar em suas escolhas.
Inclusive, vale mencionar que, com esta interação positiva, o profissional T-shaped tem uma maior facilidade para orientar colegas do time, melhorando aspectos do trabalho em equipe e ajudando a fortalecer o capital humano e o clima organizacional.
Trazendo isso para o panorama do transporte, ele é o colaborador chave que consegue lidar tanto com administrativo, quanto o operacional – com quem emite o CT-e e quem recolhe a assinatura na nota do cliente. Transita nas duas áreas da empresa e consegue deixar os processos mais fluídos.
É assim que o mercado de trabalho se renova. Basta olhar para o passado e pensar que as competências exigidas há apenas uma década já mudaram significativamente. Mesmo porque a evolução das tecnologias exigiu isso.
Agora, para o profissional ser completo, mais do que ser um expert em algum aspecto, ele precisa ter uma amplitude que permita encontrar soluções com base na multidisciplinaridade, usar as soft skills a seu favor, sem deixar o ego falar mais alto.
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