*Por Raquel Serini
Chamamos de indicadores operacionais os índices que servem como parâmetro e que são ligados aos processos funcionais da empresa. No caso das transportadoras, costumam envolver colaboradores de todos os níveis da companhia, engajando cada indivíduo, que pode contribuir com os objetivos da organização.
Isso implica dizer que todos na sua empresa podem ‘ter’ um indicador para medir o desempenho. Se o seu objetivo é reduzir despesas, até o zelador pode ter um indicador operacional relacionado à redução da conta de luz, por exemplo.
Portanto, áreas alinhadas e indicadores que meçam seu desempenho propiciam oportunidades, tanto de melhoria de processos quanto de novos negócios. Afinal, ao analisar os indicadores, fatalmente será lançado um olhar sobre os pontos da empresa que são impactados por ele. A seguir citaremos alguns deles:
Custo operacional total
Esse indicador logístico aponta o custo total da transportadora com o transporte de cargas. Essas variações são periódicas e essenciais para o bom andamento dos negócios e dependem também da jornada do motorista.
Mas como é possível quantificar a produção dos veículos utilizados e dos processos de coleta, transferência e entrega da carga? Para responder a esta questão, minimamente devemos considerar:
Para atender aos níveis de produção e composição tarifária básica devemos apurar todos os custos fixos mensais e custos variáveis incorporados ao veículo, despesas administrativas e de terminais, além do custo com o risco envolvido na operação.
Tempo e velocidade em trânsito
Esse indicador mostra, neste caso, o tempo total que os veículos rodam com as mercadorias, ou seja, o tempo desde a saída do armazém até a entrega. Com ele, é possível analisar melhores rotas para evitar riscos como: acidentes, roubos ou trânsito em excesso.
Já quanto maior a velocidade média, maior a quilometragem rodada por mês. A ideia não é aumentar a velocidade média do veículo, mas reduzir perdas de tempo em aclives e condições difíceis de transporte.
Pode-se aumentar a velocidade média por meio de veículos com maior relação potência/peso, motores turboalimentados e com intercooler e, além disso, investir em treinamento de capacitação dos motoristas com direção econômica e defensiva.
Tempo de carga e descarga
Saber essas informações pode auxiliar a transportadora na hora de deixar seu trabalho mais eficiente. A otimização do tempo pode trazer resultados mais satisfatórios para a empresa, já que os veículos permanecem parados durante o seu carregamento, operação que precede o início da viagem, e isso é inevitável. E chegando ao destino, permanecem novamente imobilizados durante o descarregamento.
Essas paradas são necessárias e fazem parte do ciclo operacional. São denominadas de “horas ociosas”, pois impedem a movimentação do veículo, onerando sobremaneira os custos do transporte.
Recomenda-se que os tempos de carga e descarga sejam fielmente anotados, devido sua importância para controle da produtividade. Um dos fatores que reduz significativamente o rendimento da frota é a espera nas operações de carregamento e descarregamento junto aos clientes.
Nesses casos, a Lei Nº 13.103, de março de 2015, conhecida como Lei do Motorista, recomenda que o prazo máximo para carga e descarga do veículo de transporte rodoviário de cargas seja de até 5h, contadas a partir da chegada do veículo ao endereço de destino. Para o tempo excedente aplica-se a cobrança de R$ 1,86 por tonelada/hora, lembrando que esse valor é reajustado anualmente pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).
Índice de aproveitamento
Quanto maior a utilização de horas para operação do veículo, menos tempo ocioso e menor ainda serão os custos por viagem. Entretanto, não basta colocar o veículo em movimento o tempo todo para aproveitar o maior número possível de horas, se esse veículo trafegar com volume de carga abaixo da sua capacidade.
Para maximizar sua produtividade, um conjunto de cavalo mecânico mais carreta, com capacidade para transportar 27 toneladas em cada viagem, deve remunerar os custos nessa mesma proporção. Ou seja, embora em sua capacidade completa, o que precisa ser considerado, em termos de custos, é o montante remunerado pelo tomador do serviço. Além disso, ao se medir o índice de aproveitamento a empresa também terá que avaliar esse indicador considerando uma distância percorrida. De fato, a principal ponderação de custo é a distância.
Assim, para acompanhamento da ociosidade da frota é necessário:
1º) Medir o efetivo peso remunerado de cada viagem em relação à capacidade total do veículo.
2º) Ponderar o peso aproveitado pela distância percorrida.
É muito importante conhecer este índice para minimizar o custo por unidade produzida. O custo operacional por tonelada transportada será, tanto maior quanto menor for o índice de aproveitamento (IA).
Veja o exemplo:
Portanto, para dominar o mercado atual é necessário que as empresas mudem suas estratégias de negócios e, para isso, é fundamental que elas conheçam plenamente o ciclo de suas atividades e todos os indicadores capazes de impactar, não só o rendimento das operações, mas também a saúde financeira de sua atividade fim. Por isso, apurar os custos corretamente é questão central para esta realidade em que vivemos.
*Raquel Serini é economista do IPTC.
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