Por Luis Felipe Machado
Aquilo que não é natural. É assim que o dicionário nos traz o significado da palavra artificial e, junto com este, alguns outros entendimentos como dissimulado, fingido e postiço. Tanto no dicionário quanto na realidade, há uma certa insegurança para aquilo que possui artifício na sua essência. Mas como tudo na vida, acredito que podemos dedicar um outro olhar, para a inserção das inteligências artificiais no nosso cotidiano e no setor de transporte rodoviário de cargas.
Os primeiros passos e experiências já foram dados. O uso das IAs já é realidade e há muito temos a possibilidade de conviver com elas. De certo, tenho a sensação de que foi dado um nome novo para algo que já estava pairando no nosso ambiente, mas que a potencialidade de agora a tornou exponencial e aplicável em escala.
Vivemos a Era da tecnologia invadindo nossos espaços, ou melhor dizendo, auxiliando nossos passos. Como qualquer outra novidade, mesmo que não seja tão nova assim, o incremento dos facilitadores tecnológicos também carrega as reflexões sobre o que acontecerá com a humanidade daqui para frente. Quais postos de trabalho serão extintos? Quais atividades de produção não necessitarão mais de mão de obra? A automação será o principal foco das empresas e do capital? Isso tudo, inclusive, vira assunto de governo. E, não é para menos. Estamos falando sobre o equilíbrio social e suas esferas econômicas essenciais. Mas, deixando de lado o meu instinto piegas, vivemos em constante desequilíbrio em busca de equilíbrio. É assim na sociedade, é assim nas nossas empresas e é assim também em nosso íntimo.
Da delicadeza à dura realidade, a única certeza que temos, é que tudo isso é natural. E por termos essa certeza, precisaremos sim trabalhar na evolução, em busca do equilíbrio, inclusive com aquilo que é artificial.
Papo retórico para trazer uma reflexão importante para as nossas empresas: temos o costume de nos preocuparmos com grandes movimentos, revoluções, modas, tendências, e muitas vezes, deixamos passar aquilo que é o natural de toda gestão. O TRC é um grande exemplo de que o artificial não significa ou implica em resultados naturais, é preciso muito esforço, conhecimento e resiliência, para que em um equilíbrio constante, cheguemos aos objetivos finais de gerarmos lucro. O grande aprendizado que podemos ter com as IAs é que, são elas, obrigatoriamente, que têm que se aprimorar à medida que interagem com os dados e informações recebidos, ou seja, precisam evoluir de forma natural. Um tanto quanto paradoxal, mas sim, o artificial que melhora de maneira natural. Passado o trocadilho, no meu entendimento, as IAs serão grandes aliadas, para nos mostrar aquilo que não vemos, ou não queremos ver nas nossas empresas, principalmente no que tange números e análises.
É evidente que possuímos uma grande complexidade de análise e interpretações em nossas organizações. Só que muitos empresários e gestores ainda estão presos no livreto de prestações dos caminhões, usando isso como referência de meta e alcance dos resultados, que de maneira simples parecem trazer algo tangível e efetivo para o seu bolso. Essa mentalidade traduz nossa incapacidade de medir muitos fatores dos quais somos envolvidos, uma fórmula do passado que parece ter dado muito certo, mas que já é passado. Precisamos de uma IA nos ensinando a aprender com os dados e informações históricas para evoluirmos.
Para além do aprendizado e semelhança com as IAs, o uso delas em nosso dia a dia nos trará possibilidades de irmos a fundo em muitos detalhes e processos, que naturalmente, não teríamos chance. De roteirizações mais assertivas envolvendo dados meteorológicos e de trânsito, até o processamento de análise de resultados, as IAs terão papel ativo na prática e nos olhares empresariais. É preciso compreender que a evolução natural é que usemos cada vez mais o artificial como grande apoiador da produtividade, da redução do desperdício, da possibilidade de novos horizontes e principalmente, dos tão sonhados equilíbrios: social, empresarial e pessoal. Por isso, aproveite a reflexão deste artigo para mudar o seu olhar, use essa nova arte, que também está na etimologia da palavra artificial, e seja naturalmente feliz nas suas decisões. Esse é o grande significado que devemos aprender.
Luis Felipe Machado, integrante da COMJOVEM SP e diretor da Formato Transportes.
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