Diante de tudo o que temos acompanhado, nos últimos tempos, sobre o mercado de combustíveis no Brasil e no mundo; a escalada dos preços, risco eminente de desabastecimento, guerra no território de países produtores, enfim… imagino que já passou pela cabeça dos empresários de transporte a seguinte questão: – “Qual o melhor combustível para substituir o diesel nos caminhões? ”
No entanto, não há uma única solução para essa pergunta. Existe uma ampla discussão sobre a substituição energética para os veículos movidos a diesel. Entende-se que o impacto da substituição energética neste segmento é importante, não somente para projetar a expectativa de consumo a longo prazo, mas para uma mudança na produção e importação do produto no Brasil.
Aqui, o consumo de diesel é maior em volume se comparado a gasolina e etanol, cerca de 8,1% a mais se compararmos 2020 contra 2021.
Se analisarmos pela ótica regional, o estado de São Paulo é o que mais tem participação nas vendas de diesel pelas distribuidoras. No último ano, foram 12.603 mil m³, o que representa 53% do consumo da região sudeste e 20% do consumo nacional.
Já a região norte, última colocada em consumo direto, representa 11% do diesel consumido no Brasil, sendo o Amapá o estado de menor representatividade, somente de 0,2%.
Caminhões Elétricos
Embora a eletrificação do setor de transporte rodoviário seja uma tendência, essa opção é a que traz mais incertezas, uma vez que, os ganhos ambientais dependem da matriz energética de cada país, que será usada para recarregar os caminhões. Com uma matriz elétrica limpa, com altas porcentagens vindas de fontes renováveis, os caminhões elétricos – em especial os com células de combustível de hidrogênio – seriam uma ótima alternativa.
Mesmo assim, segundo dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), os caminhões, ônibus e furgões elétricos apresentam alta de 840% em 2022. Conforme a associação das montadoras, 602 unidades foram emplacadas de janeiro a junho deste ano, sendo 425 elétricos e 177 a gás, ante 64 exemplares no mesmo período de 2021. Ou seja, o resultado do primeiro semestre é 47,5% maior que o acumulado dos 12 meses do ano passado.
Em contrapartida, o investimento inicial nesses equipamentos seria 100% maior do que a frota equivalente a diesel. No mercado já existem empresas que fazem a conversão de caminhões a diesel em elétricos, inclusive testes iniciais na frota de uma distribuidora de bebidas indicaram um consumo de 1kw/h por quilômetro rodado – segundo a empresa, esse número representa uma economia de 70% em relação ao diesel. Além disso, dependendo do projeto, os custos de uma conversão podem ser de 25% a 30% menores se comparados a compra de um veículo novo com o conjunto. Uma alternativa a se pensar!
Gás Natural ou Biometano
Já o gás é provavelmente um dos combustíveis alternativos mais conhecidos dos brasileiros. Além de ser uma alternativa economicamente mais vantajosa, ele aumenta a vida útil do motor e é considerado um dos biocombustíveis mais limpos.
Os caminhões pesados, movidos a gás natural ou biometano, são vocacionados para médias e longas distâncias. Esses veículos se propõem a oferecer um custo operacional total menor, com menos ruído e menores emissões de CO (Monóxido de Carbono), NOx (Nitrogênio). Se a empresa proprietária tem produção de biometano, o custo da energia pode ser ainda menor.
Hidrogênio
Já o hidrogênio, não é atualmente considerado uma solução para o transporte em grande escala. Mas como a legislação exigirá que 20% de nossa produção seja livre de emissões até 2030, ele terá um papel importante no futuro na indústria de transporte. O hidrogênio apresenta características que auxiliam na descarbonização, podendo ser armazenado, transportado e utilizado para produção de energia elétrica.
Não é por acaso que montadoras de veículos espalhadas por diferentes países já estão estudando a possibilidade de desenvolvimento de veículos movidos a hidrogênio. Entretanto, por mais promissor que isso possa parecer, a tecnologia de transmissão para caminhões movidos a hidrogênio ainda está em estágio experimental e, portanto, muito cara.
Além disso, o hidrogênio está disponível apenas em quantidades limitadas e deve ser comprimido sob pressão muito alta e a temperaturas extremamente baixas. Também não há infraestrutura de distribuição instalada no momento.
Seja como for, no caso dos caminhões, o fim dos motores a diesel ainda deve demorar para acontecer. Por fim, além de conhecer os combustíveis alternativos é importante que as empresas tenham consciência com relação aos gastos com combustível e estratégias de controle de abastecimento, visando um uso inteligente dos recursos financeiros e minimizando o impacto no meio ambiente.
Entre as boas práticas estratégicas de gestão para minimizar gastos com combustível, destacamos:
- Planejamento de rotas;
- Controle da quilometragem;
- Análise de desempenho do veículo;
- Programas de aperfeiçoamento de condutores, com treinamentos de direção defensiva e econômica;
- Realização das manutenções preventivas; e
- Avaliação da possibilidade de implementar melhorias mecânicas.
Hoje, o mercado oferece uma infinidade de opções de veículos que atendem a diferentes demandas de transporte. Além de conhecer os tipos de combustíveis alternativos, os motoristas e gestores de frotas precisam entender de que forma estes combustíveis podem ser inseridos na realidade da sua frota. É bom ponderar!
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