*Fernando Zingler
A Semana Nacional do Trânsito é promovida anualmente entre os dias 18 e 25 de setembro, e busca conscientizar os motoristas, os usuários do sistema viário e a sociedade em geral sobre ações para um trânsito mais seguro. Nesta semana, muitos municípios e diversas entidades se reúnem para promover reflexões pertinentes sobre a segurança nas nossas vias, sempre com caráter de educar, conscientizar sobre a importância do tema, e consequentemente, diminuir o número de sinistros nas ruas e estradas.
O Painel de Acidentes Rodoviários da CNT (Confederação Nacional de Transporte) mostra que, em 2020 houve mais de 63 mil acidentes apenas nas rodovias federais, um dos menores índices já registrados, devido principalmente, ao menor volume de veículos nas rodovias por conta da pandemia. Ainda assim, 81% destes tiveram vítimas, e o número de mortos foi maior que em 2019, proporcionalmente. Em São Paulo, mesmo com um número 7% menor de acidentes em 2020, o número de mortes cresceu 17,65% nas rodovias, o que é muito alarmante.
A movimentação de cargas integra esse panorama, e por isso, devemos também nos engajar e promover ações pertinentes ao assunto em nosso setor, porque qualquer tipo de sinistro que ocorra em trânsito envolve não apenas os veículos das empresas de transporte, mas também os colaboradores (especialmente os motoristas de caminhão).
Com a retomada da economia e o aumento do volume de mercadorias nas rodovias, a tendência é que os veículos de transporte rodoviário de cargas se envolvam mais em ocorrências de sinistros. As condições estabelecidas no TRC, com prazos bastante curtos para transferências e entregas, os altos custos operacionais e de manutenção do veículo, ampliados pela imprudência humana, que ainda é o maior fator causador de acidentes, expõem um risco público que contribui para agravar este quadro.
Diante disso, o setor privado, particularmente as empresas de transporte, tem um papel muito importante, pois concentram uma grande quantidade dos motoristas profissionais em circulação nas estradas nacionais, que diariamente estão em rota de coleta e entrega, e por isso, participam ativamente desta preocupação. A conta é simples: se em 10 empresas, cada uma contar com 20 motoristas profissionais bem treinados para a segurança viária, serão 200 motoristas em circulação devidamente capacitados; para comparação, o volume médio de caminhões na Rodovia Anchieta é de 1.439 no sentido Porto de Santos e 2.741 no sentido interior, de acordo com os dados do DER (Departamento de Estradas e Rodagem). Através das empresas, somos capazes de causar um impacto em um número muito mais significativo de motoristas. Lembrando também que, em rodovias pedagiadas, cerca de 15% do total de veículos que circulam pelo país são veículos de carga.
É indiscutível que nós temos nas mãos as oportunidades de disseminar uma nova cultura de segurança no trânsito através de nossos motoristas. Existem diversas ações que as empresas podem realizar, desde campanhas de orientação, premiações para motoristas com melhor performance em questão de segurança, reciclagens frequentes, e também se utilizar de tecnologias embarcadas disponíveis que podem melhorar a segurança, como gerenciadores de risco e de frota que possibilitam acompanhar o desempenho das operações e aprimorar a fiscalização e conscientização dos motoristas no trânsito. Além destas ideias mencionadas, é importante estar atento à ações que as entidades de classe e que o poder público disseminam sobre o assunto, pois há muito material e eventos sendo produzidos todo ano nesta data, que podem (e devem) ser repassado para os colaboradores como forma de incentivar o diálogo sobre a questão.
A Semana de Trânsito de 2021 teve como tema “No trânsito, sua responsabilidade salva vidas” e foi, e tem sido, trabalhado durante o ano pelo Contran (Conselho Nacional de Trânsito). Essa ideia é bastante pertinente com a principal causa dos acidentes: a imprudência humana. Com isso, a campanha apostou na conscientização dos motoristas.
Para buscarmos um trânsito mais seguro, precisamos provocar uma mudança na cultura de segurança instalada, focando dois pontos principais. Primeiro em conscientizar os motoristas e promover comportamentos adequados por meio da educação contínua. E segundo, em entender a devida gravidade da questão, considerando o alto número de mortos no trânsito anualmente e que acidentes (sinistros de trânsito) não são aceitáveis, e sim, evitáveis.
Participe também deste movimento em sua empresa, e não esqueça que nas estradas, a sua responsabilidade salva vidas!
*Fernando Zingler é diretor executivo do IPTC.
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